CADÊ O FUTURO ? QUE NÃO CHEGA NUNCA NA MODA?



É só você dar um passeio pelo shopping e observar as vitrines para perceber que nada mudou… As modelagens, as estampas, as referências… tudo está igual a temporada passada. Não, não, pera, tá igual ao ano passado! Analisando bem, tá igual a coleção de três anos atrás…. Ah, tá super inspirado no visual da Nicole Richie em 2005! Na verdade, na verdade, basta entender um pouquinho de moda e história da moda para perceber que a moda atual está se alimentando de tendências de mais de 40 anos atrás. Ok, isso é normal, todo mundo sabe que a moda é cíclica e que a gente sempre vai se inspirar no passado para criar looks atuais. Mas pera aí, cade os looks atuais? Como bem disse minha amiga  : “Só o que eu vejo são hippies em todos os lugares e quando não é hippie é boho-hippie, hippie chic, dark hippie, tendência de quimono. Cadê os costumes astronômicos? em 2012 ia ser todo mundo robô?”


O que eu sempre achei incrível na moda, é a capacidade que ela tem de se renovar. De apresentar novas propostas, estruturas e ideias e perceber as pessoas aos poucos “cedem” a um novo olhar, explorando e usando. Alguém lembra como foi a introdução da calça skinny no mercado? Eu lembro bem. Primeiro, quase ninguém sabia o que era, depois muita gente achava estranho, hoje arrisco a dizer que toda garota (e muitos garotos!) tem uma no armário. Entregar algo novo e ver aquilo se transformando em algo comum no armário das pessoas é a grande magia da moda. Por isso a moda tem que ser corajosa. Tem que acreditar nas suas apostas tem que oferecer a novidade.



Claro que temos nomes no high fashion tentando mostrar o novo, como Gareth Pugh, Sally LaPointe e Laquan Smith, mas eles são vistos como excêntricos e futuristas. Viajantes nessa ideia de futuro distante, desconectados com a nossa realidade. Não, não! O futuro que eles apresentam é agora!
A indústria que produz pra massa, as peças que podemos consumir, está em um momento muito estranho. Produzindo feito loucos, usando materiais baratos para confeccionar mais e diminuir os custos, focados em vender, dando show quando o assunto é marketing , redes sociais, mas e a MODA? Está acomodada. Acomodada em fazer modinha. Pelo menos é isso que eu vejo com clareza aqui no Rio de Janeiro. Só tem batinha, blusinha, estampinha, vestidinho… Tudo igual, modelagem, estampa, tecidos… da loja do lado. E a inspiração também não podia ser mais óbvia. Os anos 70. Essa década que a moda, achou, acomodou e não quer sair de lá por nada. Passou da hora da indústria DESACELERAR, produzir menos, diminuir o número de coleções por ano, praticar o slow fashion e ter tempo de ser CRIATIVO e enxergar as necessidades da moda hoje.

Galera, 2015. Passou da hora da gente explorar novos horizontes. O futuro é agora! Se a gente quer se inspirar em alguma década, que seja pelo menos nos anos 60 que aliás, estavam muito mais conectado com o século 21 do que a gente.
Se a indústria está acomodada, não se acomode. Até porque, sinceramente? Não é nem só uma questão de “modinha”. A estrutura das roupas dos anos 70 simplesmente não casa com 2015. Estamos cada dia em uma correria maior, mais e mais conectados, conversando com computadores (alow Siri), estamos multifuncionais, trabalhando feito loucos, precisando de praticidade no guarda roupa, agilidade para se vestir, temos compromissos todos os dias, às vezes saímos de casa de manhã e só voltamos a noite, metrô cheio, ônibus cheio… E isso tudo usando quimono florido!? Batas? Vestidinhos rodados? Fora que é tanta informação na rua, outdoors, propagandas, banners… E aí a gente acaba fazendo parte desse excesso de informação com tanta estampa, enfeite e detalhes nas roupas.  O nosso estilo de vida está totalmente em contradição com o nosso armário. É claro que antes de qualquer coisa, sou a favor da liberdade de ser e vestir o que você quiser. E se a sua onda é ser boho, go for it. Mas acho que as pessoas devem ter opções. Porque chegar em um shopping e ver nas vitrines só looks Coachella, já deu.

Vamos explorar os tecidos tecnológicos, os recortes a lazer, valorizar mais as modelagens e menos os enfeites, explorar a versatilidade de peças sem estampa (acredite, você vai ver a capacidade do seu guarda-roupa se expandir quando investir mais em peças lisas do que estampadas), explorar novas cores, texturas, colocar o holográfico e o prata no nosso dia a dia, não olhar com estranheza, como se estivéssemos olhando para um futuro distante. Vamos cobrar da moda a mesma coisa que cobramos dos nossos acessórios eletrônicos, da arquitetura, da estrutura das cidades. Praticidade, design clean, novidades, evolução, tecnologia. Tudo isso já existe, só não faz parte do nosso dia a dia. Vamos ser a geração que colocou o futuro na rua.

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